‘Pagando para trabalhar’: usuários do transporte público em Maringá e região relatam dificuldades durante a greve


 Nenhum ônibus circulou pelo terminal urbano de Maringá na manhã desta sexta-feira, 11, no segundo dia de greve dos motoristas. Com o Terminal Urbano vazio mais uma vez, os usuários do transporte coletivo continuam sofrendo para chegar ao trabalho.


A diarista Greice Reis, que mora em Sarandi, está pagando do bolso para ir trabalhar em Maringá.


“Uma loucura, porque tem diárias que as patroas não querem pagar Uber, você acaba perdendo o dia de serviço e você tem que gastar para vir, tá um caos. [Para vir para o terminal] Tive que pegar um moto táxi, de Sarandi. Paguei quase R$ 30. Daqui a patroa vai vir pegar a gente. Fora disso, nós estamos ‘lascados’. Se não vem, não trabalha, né? Estamos pagando para trabalhar”.


Ônibus da Viação Garcia, que fazem a linha Marialva a Maringá, foram autorizados a parar em Sarandi e embarcar passageiros. A CBN Maringá confirmou a informação com motoristas da empresa e usuários.


“Tem alguns pontos que ele está parando, se as pessoas dão com a mão, ele está parando. Antes não parava. Está parando por causa da greve”, disse Fátima Mesquita, moradora de Marialva.


Silvana Albertoni pegou carona com o marido, mas como ele sai cedo de casa, ela madrugou na

porta do trabalho.


“Hoje eu vim de carona com o meu esposo, mas é difícil porque eu tive que chegar muito cedo aqui para eu não chegar atrasada. Ele vai trabalhar mais cedo que eu, então aproveitei a carona. A gente só não deu carona para ninguém, porque não tinha ninguém nos pontos ainda no horário que a gente veio. Amanhã precisar, a gente vai dar carona sim”, relatou Silvana.


Dar carona foi uma sugestão do prefeito Silvio Barros para enfrentar essa crise de transporte. Em coletiva de imprensa, o prefeito se disse surpreso com a intransigência do sindicato em negociar. A empresa ofereceu reposição da inflação e mais ganho real e a prefeitura pediu um prazo de 60 dias para avaliar o impacto financeiro de um plano de saúde e do fim da intrajornada. Mas o sindicato não aceitou.


“Nós concordamos com um aumento no salário acima da inflação, em 2,5%. Concordamos com um aumento significativo no vale-refeição, mas o sindicato apresenta o pleito da redução da intrajornada e do plano de saúde. E a prefeitura, em princípio, concordou com o plano de saúde, depois de termos feito uma análise do que seria possível, e concordou também em discutir com o sindicato e com a

empresa quanto custaria a redução da intrajornada. Porque tem custo, e esse custo será

arcado pela população. É preciso todos lembrarem de que o sistema de transporte público de

Maringá não é bancado pela tarifa. A prefeitura subsidia o sistema em mais de R$ 50 milhões por ano”, disse.


“Ou seja, o que os motoristas estão pedindo é dinheiro da população maringaense que será direcionado para atender esse pleito. E o que eu disse a eles é que sem que a gente saiba de quanto nós estamos falando, eu não posso concordar imediatamente com o que eles estão pedindo. Primeiro nós precisamos saber de quanto é, e a partir daí validar isso com a comunidade. R$ 50 milhões que são usados para subsidiar o sistema de transporte saem de 400 mil pessoas para 85 mil pessoas poderem

usar o transporte a um custo mais baixo. Agora, na medida em que eles colocam a pressão, a greve, a faca no pescoço, dizendo que eles querem mais dinheiro público para 500 pessoas, eu não me sinto à vontade para tomar essa decisão sem validar com a comunidade, sem saber primeiro de quanto nós estamos falando. Eu só posso tomar a decisão sabendo do que nós estamos falando”, completou o prefeito Silvio Barros.


Em nota, o Sindicato dos Trabalhadores em Veículos Rodoviários de Maringá (Sinttromar) informou que a adesão à greve é de 100% e, como não houve avanço nas negociações, a categoria decidiu manter a paralisação.


Em nota, as empresas TCCC e Cidade Canção afirmaram que “amanheceram na expectativa de que o serviço público de transporte fosse retomado. Seus veículos e estruturas estão todos disponíveis e prontos ao atendimento da população.


Porém, ao que tudo indica, os trabalhadores teriam sido orientados a não vir trabalhar, atentando contra a autoridade do Poder Judiciário, que emitiu a ordem judicial, determinando a manutenção em atividade de 70% da frota circulante dos ônibus nos horários de pico e 50% nos demais horários, sob pena de multa de R$ 50.000,00 por dia, devendo o cumprimento ser IMEDIATO.


A atitude grevista do sindicato padece de vício grave de legalidade, abusa do direito em face da população, tenta atentar diretamente contra as instituições democráticas e merece o agravo público das empresas”. GMConline

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