Novas cultivares de mandioca, maracujá e soja, foram lançadas pelo IDR-PR


O IDR-PR (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná-Iapar-Emater) lançou cinco novas cultivares nesta semana em solenidade realizada no Show Rural, em Cascavel (Oeste do Estado). 

São três de soja para cultivo orgânico, direcionadas a produtores interessados no mercado de alimentação saudável, uma nova opção de maracujá-amarelo e outra de mandioca para a indústria. 

 O diretor-presidente do IDR-Paraná, Natalino Avance de Souza, enfatizou a importância da pesquisa pública para o atendimento dos pequenos produtores. 

 “A IPR Paraguainha, por exemplo, ganhou a preferência no campo, mas a cultivar não era listada no Registro Nacional de Cultivares do Ministério de Agricultura (Mapa) e, por isso, não podia figurar em projetos de custeio e de seguro agrícola”, explicou. 

“Atendendo demanda de agricultores, cooperativas e da assistência técnica, o IDR-Paraná providenciou no Mapa o registro da Paraguainha, e agora se encarrega da manutenção de sua genética e do fornecimento de material propagativo de qualidade”. 

 Não é possível conhecer a origem de uma cultivar dessa espécie. São materiais obtidos por meio de seleções empíricas e aleatórias realizadas ao longo de anos pelos próprios agricultores, sem participação de centros de pesquisa ou programas estruturados de melhoramento genético. 

 Própria para a obtenção de farinha e de fécula, IPR Paraguainha se destaca pelo bom rendimento de amido no processamento industrial, de acordo com o melhorista Wilmar Ferreira Lima, especialista em melhoramento genético do IDR-Paraná. 

Ele acrescenta que, no campo, a cultivar é cerca de 30% mais produtiva que as cultivares atualmente disponíveis no mercado. "Indicada para plantio direto ou convencional, a nova cultivar apresenta resistência moderada às principais doenças que afetam plantios de mandioca. 

O porte médio das plantas facilita os tratos culturais na lavoura, e a altura de inserção das ramificações — apropriada para o cultivo mecanizado — são outras características positivas do material", disse. Pode ser cultivada tanto em solos de alta fertilidade, argilosos, como em terrenos de maior teor de areia. 

É indicada para plantio em todas as regiões produtoras do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Soja As cultivares IPR Basalto, IPR Petrovita e IPR Pé-Vermelho, de soja, produzem grãos de sabor delicado e que dispensam tratamento térmico preliminar para uso em preparações culinárias. 

“Eliminamos as enzimas que dão gosto desagradável e dificultam o consumo da soja na alimentação humana”, explicou Lima, que trabalhou no desenvolvimento também desses materiais. Resultado de trabalho colaborativo com a UEL (Universidade Estadual de Londrina), Universidade Federal de Viçosa e Gebana Brasil, as novas cultivares se têm elevado potencial produtivo — pode passar de 5 toneladas por hectare — e bom desempenho frente às principais doenças que atingem lavouras de soja. O ciclo precoce é outro diferencial. 

As cultivares chegam à colheita entre 115 e 125 dias após o plantio. “São bastante apropriadas para produtores que adotam o cultivo do milho safrinha e outras culturas no inverno”, disse o extensionista. Com ampla adaptação, são indicadas para cultivo em São Paulo (Região Sul), Paraná (com exceção da Região Noroeste), Santa Catarina (Oeste, Centro-Norte e Nordeste) e Rio Grande do Sul (Noroeste, Norte e Nordeste). 

 Maracujá Primeira cultivar paranaense da espécie, IPR Luz da Manhã foi idealizada com o objetivo de aumentar a competitividade, fortalecer a indústria regional de processamento e, ainda, contribuir para o aumento da renda e da qualidade de vida no meio rural paranaense. 

 "A cultivar se destaca pela qualidade superior e dupla possibilidade de destinação do produto colhido. A produção pode ser tanto destinada ao mercado de frutas frescas como para a indústria de polpa congelada", afirmou a pesquisadora Neusa Maria Colauto Stenzel, que trabalhou no desenvolvimento da cultivar. 

 Resultado de estudos realizados a partir de oito linhagens, IPR Luz da Manhã pode render até 30 toneladas por hectare, às quais é possível somar outras 50 toneladas se o produtor optar por um segundo ciclo de produção — essa última opção é recomendada apenas para zonas livres do vírus do endurecimento dos frutos, o CABMV.

 O vírus é transmitido por pulgões e foi detectado pela primeira vez no Paraná em 2014. A doença tem alto poder destrutivo, deixando os frutos duros, pequenos e impróprios para comercialização, deformando as folhas, reduzindo o crescimento das plantas e diminuindo a vida útil do pomar.

 Para enfrentar a doença e preservar a produção paranaense, o IDR-Paraná vem recomendando a condução de apenas um ciclo, com plantio de mudas altas até meados de setembro e colheita entre os meses de dezembro até o começo de agosto, dependendo da região. 

Nesse modelo de produção, todas as plantas devem ser eliminadas para um período de vazio sanitário antes de um novo plantio. A cultivar Luz da Manhã é indicada para regiões mais quentes e com pequena possibilidade de geadas. 

 Vania Moda Cirino, diretora de pesquisas do IDR-Paraná, enalteceu o trabalho dos melhoristas da instituição. “São 220 novas cultivares lançadas em 50 anos de atividade”, afirmou. Ela também destacou a alta qualidade agronômica das cinco novas tecnologias agora entregues. 

 “É esse tipo de coisa que precisamos: pesquisa e assistência técnica”, apontou Marcos Junior Brambilla, presidente da Fetaep (Federação dos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares do Estado do Paraná).

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