Corrente de doações após aluno implorar por comida à professora ajuda mais de 40 famílias carentes


O pedido de ajuda de um estudante do 9º ano de um colégio estadual de Paranavaí acabou resultando em uma corrente de doações que conseguiu amparar mais de 40 famílias carentes do município. 

A história do adolescente, de 14 anos, ganhou repercussão no mês passado após ele implorar por comida em um bilhete entregue à pedagoga do colégio onde o jovem estuda. Mari De Col integra a equipe pedagógica do Colégio Estadual Curitiba e foi surpreendida pelo pedido desesperado de um estudante, que dizia estar sem qualquer alimento em casa.

 “Professora, me ajuda, estou sem nada para comer em casa, eu imploro para a senhora”, escreveu o adolescente em um pedaço de papel entregue à profissional. Segundo ela, o jovem, o irmão e o pai dele já estavam entre as famílias acompanhadas pela equipe pedagógica do colégio.

 O trabalho que era exercido pelos funcionários da escola envolvia o aconselhamento e a distribuição de produtos de higiene pessoal. 

 Por ser um aluno conhecido pela coordenação da instituição, Mari afirma que, no dia em que recebeu o bilhete, imaginou que o adolescente estava procurando a secretaria para pedir os produtos que costumava levar para casa. Contudo, para a surpresa dela, o pedido era mais urgente. 

“Quando ele entregou foi bem delicado, eu fiquei bem tocada com o que ele escreveu”, relembra. Diante da situação, a pedagoga iniciou a procura por doações para tentar ajudar a família do estudante. Ela diz que uma das primeiras decisões que tomou foi compartilhar a história com os próprios familiares em um grupo de Whatsapp. 

Mas a mensagem acabou sendo divulgada para contatos fora do grupo e viralizou. A história ganhou repercussão inesperada na cidade e gerou uma corrente de doações. Muitos dos doadores levaram alimentos na própria escola onde Mari é coordenadora. 

De acordo com ela, pessoas de todo o município e até de outros países ficaram comovidas com o relato do estudante e se dispuseram a doar o que fosse preciso. Em pouco tempo, a decisão do adolescente em compartilhar a difícil realidade que estava enfrentando deu lugar a uma oportunidade de ajudar dezenas de pessoas. 

Os vários quilos de alimentos e os diversos produtos doados ao colégio resultaram em muitas cestas básicas. 

Assim, após o estudante implorar por comida no bilhete, a quantidade de doações arrecadadas permitiu que a escola ajudasse mais de 40 famílias carentes. De acordo com Mari, o Colégio Curitiba está localizado em uma região da cidade onde vivem muitas famílias carentes. Por isso, os profissionais que atuam no local são instruídos a observar quais crianças apresentam sinais de que estão enfrentando alguma dificuldade, principalmente financeira, em casa. 

 Desde que a pedagoga recebeu o pedido de ajuda do estudante, toda a equipe da instituição passou a acompanhar a família ainda mais de perto e prestar assistência constante.

 “A gente tem feito esse acompanhamento não somente com essa família, [há] outras crianças também. É uma escola de periferia e a gente sempre faz campanha, professores doam uniformes, fazem cestas básicas… nós nos organizamos para entregar àquelas famílias que a gente observa que precisam de mais cuidados. 

Alguns [estudantes] vêm até mim perguntando se tem algo para comer, porque não tinham nada para comer antes de sair de casa. É uma escola que a gente precisa ter um olhar diferenciado para as crianças”, relata.

 Segundo Mari, o intervalo entre as visitas à família do estudante ficou maior durante este período de férias escolares, mas ela já se organiza para retomar o acompanhamento nas próximas semanas. Conforme a pedagoga, para dar continuidade ao trabalho, ela tenta reunir esforços para conseguir encontrar um trabalho para o pai do estudante, que está desempregado. 

 “Eu e mais duas professoras da escola estávamos indo à casa semanalmente. Agora, passou um período de 30 dias [sem visitas] e eu pretendo ir até a residência para verificar como está, até porque eles vão retornar para a escola. O que a gente precisa é conseguir um trabalho, para esse pai começar a organizar a vida dele”, explica. GMConline

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